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Serviço “Família Acolhedora” muda a vida de crianças e adolescentes em Joinville
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Foto: Divulgação -
O programa tem como objetivo proporcionar um lar temporário para crianças e adolescentes abandonados de suas famílias biológicas por decisão judicial.
Em Joinville, o serviço “Família Acolhedora” da Secretaria de Assistência Social (SAS) da Prefeitura, tem registrado aumento de famílias habilitadas para participarem do serviço de acolhimento. Em 2018, eram apenas 15 famílias e hoje são 34. Quem participa, muda a vida de crianças e adolescentes afastados do núcleo familiar original, por determinação judicial.
É o caso de Rosilda Chaves Correia e do marido Marcos Luiz Correa, do Vila Nova. Casados há dez anos, eles têm dois filhos biológicos, Miguel, de 7 anos, e Benjamin, de 4 anos. O casal ouviu sobre o “Família Acolhedora” em um programa de rádio e se interessou.
Após passarem por uma seleção, participaram de alguns encontros de capacitação com a equipe técnica da Secretaria de Assistência Social e por acompanhamento, como acontece com todas as famílias cadastradas. O objetivo é garantir proteção e cuidado a essas crianças e adolescentes.
Desde novembro, eles acolhem uma menina que teve muitos direitos violados. Quando chegou na casa da família, a criança estava anêmica e sem se comunicar.
“Foi um desafio, pois ela não se comunicava. Quando a inserimos na escola, ela teve um disparo de coisas novas, potencializou a comunicação conosco do que ela via, do que aprendia, foi algo extraordinário. Ela evoluiu em muitos aspectos”, afirma Marcos, que trabalha como coordenador de processos.
“No começo, o desejo era adotar uma criança. Quando conheci o programa, vi que tinha possibilidade de ajudar mais crianças. Quando recebemos a ligação que tinha uma criança para nós acolhermos, foi uma emoção. Logo que ela chegou, se encantou com a nossa família e dali em diante foi só evolução”, conta Rosilda.
A família se dedica a cuidar da menina, fornecendo educação, roupas, alimentação, saúde e afeto. As famílias são voluntárias e recebem um subsídio mensal como apoio financeiro para as despesas dos acolhidos.
Novas famílias acolhedoras
Patrícia da Silva Caetano, coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar, explica que o acolhimento familiar é difundido mundialmente. A medida de proteção está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para crianças e adolescentes que precisam ser afastados temporariamente de sua família de origem. Esta medida é excepcional e provisória, e não deve ultrapassar 18 meses.
“Os benefícios são inúmeros, o acolhimento proporciona uma atenção individualizada, rotina saudável, cuidadores de referência. Isso tudo impacta no desenvolvimento emocional, cognitivo da criança e do adolescente, na aprendizagem”, explica Patrícia.
Para a promotora de Justiça, Viviane Soares, o acolhimento familiar é uma medida de proteção que possibilita o atendimento individualizado.
“É dedicado um olhar responsável e cuidadoso, além de oportunizar o bem-estar físico, mental e social necessários ao seu desenvolvimento integral, em um ambiente privativo no qual eles possam vivenciar experiências afetivas, receber cuidados e conviver com regras próprias da dinâmica de uma família, assegurando, assim, seu direito à convivência familiar e comunitária”, destaca a promotora.
Como ser uma família acolhedora
As inscrições para novas turmas do “Família Acolhedora” estão abertas e a capacitação começa em setembro, com cinco encontros. Pode se inscrever quem tem mais de 21 anos, residente em Joinville por período superior há um ano e que possua renda (individual ou familiar). Não podem participar pessoas que estão cadastradas na lista nacional de adoção. Todos os membros da família devem consentir com o acolhimento. As famílias devem ter tempo para garantir os cuidados essenciais ao desenvolvimento do acolhido. No site joinville.sc.gov.br há informações detalhadas sobre o serviço.
Rosilda e Marcos sabem que um dia vão ter que se despedir da criança que acolhem. “No momento da despedida estaremos pensando no bem-estar dela, que a acolhemos na dificuldade, ajudamos em todas as fases em que esteve com a gente e que ela está indo preparada para uma nova família. Estaremos com a sensação de dever cumprido”, fala Rosilda.
“A gente se sente preenchido pelo fato de estar contribuindo para o crescimento dela, acompanhando a evolução dia após dia. É uma semente que não saiu de nós, mas nós recebemos. Ela um dia vai sair dessa família e ser integrada em nova família e nós vamos esperar o próximo acolhido”, diz Marcos.
“É um transformador de vidas, você pode fazer diferença na sociedade. Porque você ensina uma criança hoje e esse ensinamento vai impactar na vida dela e na sociedade como um todo. Passar por essa experiência tão enriquecedora, é dar amor, carinho e afeto a essa criança que tem os direitos violados e está privada de tanta coisa, uma delas o afeto”, avalia Patrícia.
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